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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

MACETES DE PORTUGUÊS

Pronome oblíquo completa auxiliares causativos

Por Thaís Nicoleti
Deixe elas respirarem.

Embora sejam comuns na linguagem falada frases como a da epígrafe – e isso configura certa tendência à mudança –, o fato é que a norma culta ainda não absorveu o uso do pronome pessoal do caso reto na função de objeto (comprou ele, chamou ela etc).
No caso em questão, porém, é possível que o redator tenha interpretado o referido pronome como sujeito, tanto que fez a flexão do verbo “respirar”. Vamos, então, relembrar o funcionamento dessa estrutura.
Chamam-se auxiliares causativos os verbos “mandar”, deixar” e fazer” (e eventuais sinônimos), dado que provocam, de uma maneira ou de outra, a ação que será expressa pelo segundo verbo da locução. Assim: “Mandou fulano sair da sala” (fulano sairá porque alguém mandou). Esses verbos são transitivos diretos (não requerem, portanto, complemento ligado por preposição) e seu complemento é um pronome pessoal do caso oblíquo (o, a, os, as), que será considerado sujeito de infinitivo. Assim: “Mandou-o sair da sala” (não “mandou ele sair”).
É interessante observar também que o infinitivo nessa construção não se flexiona. Assim: “Mandou-os sair”, “Deixe-as respirar”, “Faça-os entrar” etc. A estrutura é a mesma que aparece em construções como “Faça valer os seus direitos”, “Deixe entrar primeiro os mais velhos” etc. Observe que o infinitivo posto imediatamente depois do auxiliar permanece invariável mesmo na linguagem corrente.
Quando se interrompe a locução e se intercala o sujeito do infinitivo, é que surge a tendência à flexão do infinitivo (“Mandou as crianças saírem da sala”). Essa construção já é aceita na norma culta, mas convém observar que ela só é possível quando o sujeito do infinitivo não é um pronome. Em se tratando de sujeito pronominal, vale a construção tradicional, com pronome átono e sem flexão de infinitivo (“Mandou-as sair da sala”).
Essa mesma estrutura ocorre também com os auxiliares sensitivos (referentes aos canais da percepção): ver, ouvir, sentir (e eventuais sinônimos). Assim: “Viu-os chegar”, “Ouviu-os cantar”, “Sentiu-a aproximar-se” etc.
Abaixo, duas sugestões de reformulação da frase em questão:

Deixe-as respirar.
Deixe que elas respirem.

ESTA PESQUISA FOI RETIRADADA DO  SITE: http://educacao.uol.com.br/dicas-portugues/pronome-obliquo-completa-auxiliares-causativos.jhtm
 

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